sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Homem a.C.

Não sou homem do mundo das Artes nem do mundo das Ciências.
Não sou homem nem mulher.
Não sei o que sou ou quem sou.
Tu sabes?
Por vezes vejo tudo como um grande sonho colectivo, onde todos os Grandes ainda não nasceram onde podemos ser cada um deles, escritores, pintores, músicos, filósofos, cientistas, físicos, matemáticos, fotógrafos, biólogos, etc.
Onde tudo isto existe ou é apenas uma memoria implantada no nosso cérebro, se é que existe, se é que existimos.
Todas as pessoas podem ou não existir, pode haver ou não, pode e não pode.
Mas se assim for, ao acordarmos todos, ao mesmo tempo, todos teremos herdado deste sono, destas memórias, inúmeras artes, saberemos todos trabalhar a madeira e o metal, todos saberemos como nos expressar não só pela linguagem.
O corpo os gestos serão uma “língua” universal.
Como a musica, as tintas, números e formulas em três dimensões.
Ou não.
Don't cry to me.
If you loved me,
You would be here with me.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Tenho medo

Temo a possibilidade de vir a ser esquizofrénico, como temo vir a ser diabético, como ficar sem a perna direita, cego, tenho um medo terrível de ter herdado a hipocondria do meu avô.
Mas mais que tudo isto, tenho medo de te perder.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

É depois de um dia em que nem chove nem faz sol que me pergunto:
-"Como será o dia de amanhã?"

Estou aprender a ser feliz

No palco, a guitarra, o público, a bateria, o baixo, a voz e um outro ser me acompanhava.
Enquanto mudava os dedos de posição, quando formei o acorde pisei o bordão, puxei a corda e continuei o harpejo, continuei, tal como fora dito “ the show must go on”…
Uma dose de adrenalina invade me as veias, sinto o coração na boca, continuo a cantar:
Aquilo que eu vou ser ninguém me diz
A guitarra que só toca por amor
Não acalma o desejo, nem a dor…
Mas, há sempre um mas, foi a primeira estrofe que desencadeou tudo isto.
Eu:
-“Estou aprender a ser feliz!”

sábado, 9 de outubro de 2010

Não aguento mais estar aqui, é tudo frio e húmido mas ao mesmo tempo seco e quente.
Acordo feliz, com o maior sorriso já visto deito-me com lágrimas a escorrer pela face, como se albergasse toda a tristeza do mundo neste meu corpo.
Fujo dos meus problemas, arrumo o quarto, descalço-me permitindo assim que a minha temperatura corporal baixe, enrolo um cachecol à volta de pescoço.
Sinto-me mal por lutar contra um “eu” interior que tenta sempre emergir a partir do centro.
Já não me controlo, as unhas crescem mais depressa, os dedos dos pés e das mãos contorcem-se, os dentes cerram-se, hiper-ventilo e asfixio ao mesmo tempo, choro enquanto me mordo. A dor, transforma-se em prazer e o prazer em dor lendo o livro que leio.
Saio à rua, o Sol queima-me os olhos, o cabelo grisalho brilha com a luz, enquanto a cara envelhecida fecha os olhos numa tentativa de me proteger.
Vejo uma sociedade que não aceita os loucos, não compreende os artistas, que condena quem pensa.
Perco-me, e encontro-me, o cabelo escurece, o corpo rejuvenesce-se, deito-me com lágrimas no rosto.

O ar torna-se irrespirável

Estou à meia hora a tentar encontrar uma pilha para um relógio, não é que o quarto esteja desarrumado, mas há algo mais que não me deixa avançar.
Tenho o meu trabalho parado por uma pilha.
É irónico, no meio de 20 pilhas nem uma tem bateria suficiente para fazer mover os ponteiros.
Mal percebo a minha escrita, o porquê de escrever, é pior que roer as unhas, e pior que isso, é uma escrita do qual não gosto.
Estou para aqui a escrever sobre a merda de umas pilhas e um relógio?
Onde cheguei eu?

Onde estou eu?

Perco-me dentro de mim,
Perco-me na cama.
Perco-me no chuveiro, nas ruas de Lisboa
Perco-me à chuva.
Não me perco por ti ou por mim, perco-me por me perder sem saber o porquê.
Perco-me a tocar guitarra, perco-me enquanto caminho.
Raios voam sobre mim perdido.
A estrada está molhada e eu perdido
A terra molhada, e eu? Onde estou?