Caminho pela rua, vejo raparigas comuns mas na sua simplicidade revejo-te.
Não são como tu, és única, elas também o são, à sua maneira.
Todas têm algo que partilham contigo, vejo as suas roupas, aquelas que te imagino a usar, caminham e vejo nelas os teus pés a darem passos, imagino-os a virem ao meu encontro.
Imagino uma viagem que fazemos juntos por uma praia descalços, sinto a arreia por baixo que me relaxa quando juntada ao som do mar, caminho ao lado delas. Tento sentir-me perto, par perto de ti estar. Abro os olhos e paro de imaginar.
É tarde, tem me estado a doer a garganta, estive a ler as mensagens tuas.
Já não é só a garganta, trouxe uma pedra que transformei num coração de Sesimbra, estive a olhar para ela durante uns dez minutos. Vim-me deitar, foi quando relia as mensagens, seria melhor se fossem cartas e que as pudesse-mos queimar, rasgar, atirar ao mar…
Fazer de maneira a voltar o que era mas melhor.
Tenho dias em que a vontade de ficar pelo Chiado à tua procura me parece algo do mais banal possível.
Imagino-me até deitado na calçada à espera de ver alguém que se pareça com a tua fotografia.
Não me deixariam.
E não tardaria muito até alguém me perguntar o que eu faria ali, sem resposta credível, plausível e não louca para entregar.
Sinto algum prazer em escrever para ti, ao contrário de tudo o resto. Tento não acreditar ter saído do teu mundo, continuas presente no meu, talvez mais que ontem, Talvez não adiante pedir desculpas.
Há alturas que não sei o que digo.
Continuo a errar.
Quero deita-me nu ao teu lado, sobre pastos verdes, observar o céu, as suas cores e formas que ao longo do dia se vão metamorfizando, vê-lo a cortar a linha do horizonte, ver o seu reflexo na água calma e translúcida do rio que atravessa os nossos campos.
Tiramos as botas, deixamos a enxada de lado, o regador, os chapéus de palha, as grossas meias, as camisas aos quadrados a palha da boca e deitamo-nos no pasto depois de um dia de trabalho debaixo de um Sol fortíssimo.
Chega a noite. Vemos a Deusa aparecer e com ela todas as pequenas luzes que iluminam o nosso ninho de amor.
E somos só amigos?