segunda-feira, 22 de novembro de 2010

És a minha desgraça

Tu não sabes, eu não sei, elas não sabem.
Sou um cabrão, um cabrão com uns cornos tão grandes que marro contra vedações e nunca ficam lá presos.
Tu és a agua que rega as ervas que este cabrão come, se tu faltas este cabrão morre, és a minha desgraça.

É de ti que bebo quando tenho cede, mas se tu faltas, este cabrão morre, és a minha desgraça.

E tu, sim tu, fazes parte deste cabrão, quer o queiras quer não, fazes parte de milhares, de milhões, onde tu estás há vida, onde tu faltas, bem onde tu faltas há cabrões a morrer a cede.

Uma fotografia tua e nada mais

Olho-te nos olhos, de uma fotografia tua, na qual tens os olhos abertos, reparo nos movimentos que fazem, tento não pestanejar, não quebrar o contacto visual que temos.
Posso dizer com toda a certeza agora, não te amo, nunca amei, mas choro por olhar para ti ate os meus olhos secarem.

Não sou como tu, não consigo dizer algo e pensar outra coisa, sou simples, sem merdas, não é que não veja as coisas, evito de as ver, passo a frente, tento crescer.

Vejo-te passas por mim todos os dias quer eu queira ou não, sinto-te, desejo falar contigo, desejo que fales comigo, desejo o teu corpo em troca de amor.


Chego a casa, arrumo a mala, descalço me, tiro o que tenho vestido e sento-me a janela, não a tua espera, a espera dela.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Reflexão sobre o joelho.

Estava sentado quando me veio ao pensamento o seguinte:
Para quem é ou foi operado ao joelho há uma diferença, entre pôr ou não pôr o pé no chão.
 É a diferença entre aquele que quer largar as canadianas o mais depressa possível e o que tem medo de as largar.

Ainda bem que as minhas reflexões não pesam muito.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Numa cama de hospital

Sofri um acidente, fui operado, estou deitado há dois meses na cama do meu quarto.
Hoje pela primeira vez levantei os braços, puxei a corda dos estores e deixei a luz entrar.
Tudo ficou calmo, deixei de ouvir os carros, os aviões, as buzinas, comecei a ouvir os pássaros ate a pouca chuva que caia parou com o emitir da luz, preencheu o chão, subiu pelas paredes e transbordou pelo tecto inundando tudo e todos.
No tecto formou-se um espelho, este reflectia a minha imagem, mas ao contrário, em vez de estar paralisado da cintura para baixo, no espelho, da cintura para cima.
O cérebro deixa de reagir aos impulsos nervosos, a mão deixa de escrever, as lágrimas escorem na direcção da almofada sem travão algum.
Aprendo a escrever com os pés.