sábado, 19 de novembro de 2011

O café tirava-me o sono e isso impedia de ver fantasmas, impedia-me de te ver.

É comum apareceres nos meus sonhos, é normal gostar de te encontrar. Ultimamente não sei o que pensar, não sei o que te dizer e antes de acordar vais embora insatisfeita.
Não quero, não quis que assim fosse. Já não sei, já durmo e não tenho palavras para ti.
Vejo-te a dançar ao vento, como se um mar de ervas representasses.
Pareces água de tão solta e fluida, desejo-te, desejo esse corpo serpenteante que me lembra tudo o que é natural, tudo o que tu és, mas que temo não conseguir conter nos braços. Sim decerto que não conseguirei conter essa tua energia viva e multiforme.
E quem sou eu para tal feito?
Começo a despertar, contemplo-te ao longe a desaparecer, sobe forma de ondas desenhadas por verdes planícies.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Não me conheces, não me conheço.

Eu, que cuspo na mão que me alimenta, rasgo a roupa que me aquece, eu.
O que promete e não cumpre, com um sorriso maldoso no rosto repete:
-“As palavras são vento”
Se são vento deviam correr grandes distâncias saltar mares, rios, montanhas e penhascos, serem espalhadas como sementes pela terra por cultivar, eu.
Aquele que foge de algo que é ele próprio, nega a sua criação e diz amar um Deus que não o seu.
Eu, quem és tu?
Sou a tentativa do perdão, palavras são vento, ate as escritas.
Qual o valor de uma palavra?
As palavras leva-as o vento, outra vez.
Quem sou eu?
Um sem-abrigo com tecto, um rio que queima, um doce amargo numa boca nova engelhada.