segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Perdoa-me

As palavras faltam-me, levanto os braços, peço ajuda.
Há dias em que acordo sem a mínima vontade de viver, como se nesse dia o sol não tivesse nascido, como se cada palavra que digo me furasse as mãos, impedindo-me de escrever aquilo que a boca devia ter dito.
Sinto-as mas não existem, as lágrimas não me caem mas a dor que as provocaria está comigo, abraça-me e arrasta-me.
Já á algum tempo que via nuvens no céu, mas daí a ficar molhado, daí a perder folhas escritas pelo vento. O meu mundo é uma moeda de dois lados, mas ao que parece um dos lados está viciado, quem não comete erros? Quem não diz o que não devia de dizer? Quem é capaz de errar vezes sem conta no mesmo sitio?
Para pedir e receber desculpas tem de haver alguém com culpa de algo certo?
Tem de haver alguém disposto a perdoar e a avançar.
“Pai perdoa-os que eles não sabem o que fazem”
-Pai, perdoa-me por não saber o que faço, perdoa-me por magoar tudo e todos á minha volta, por ser aquilo que odeio.
Os braços caem-me, a pena voa, deixo de escrever.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Abri a janela olhei a lua a sua energia convertida em raios colide com os meus olhos, o cheiro de hortelã invade o ar tal como a luz da lua. Hoje cheia, boas noticias trás. Bons projectos, bons tempos, boas relações, bom equilíbrio quer mental ou espiritual. Esta lua traz uma paz que poucos conhecem e que não é vista há muito tempo traz uma segurança, traz promessas.
Traz-te a ti.

O lençol branco


Olho pela janela, e pela janela vejo-o, leve e branco lençol brilha preso á corda do estendal, um cesto de palha com mais uns tecidos e Ela.
Com o corpo formando um ângulo aproximadamente de noventa graus, levanta-se, sorri-me prende o branco lençol com duas molas de madeira, seus negros cabelos ígneos dançam com a leve brisa que empurra o lençol, desenhos, palavras, criaturas, paisagens, mundos tudo é desenhado por estes cabelos no momento em que a leve brisa de Zéfiro passa.
Num mundo a preto e branco aproximo-me, os meus braços envolvem-lhe a cintura. A sua cabeça descai sobre meus ombros, beijo-lhe o pescoço.
Idílio.

domingo, 22 de agosto de 2010

O veneno

Dentro do frasco, algo fez um barulho como se contra o vidro batesse, abro-o, ele bufa e por mim chama, diz-me:
-Bebe!
Não sei se dei ouvidos, sei que o bebi porque estou deitado no chão.
Olhos vermelhos, boca a espumar, cabelos cor de cinza, unhas pretas, pele enrugada , língua azul.
Fujo da lua, escondo-me, durante o dia durmo, de noite escrevo, procurando a luz que ilumina a perfeição.

Procuro as palavras como procuro uma luz que me guie.

Peço que as palavras subam pela garganta acima como o veneno por ela abaixo escorre.
Desejo-te mas não te tenho.
Vejo-te mas não te sinto.
Dormimos juntos mas não há prazer, em vez disso há um caderno, um diário onde escrevinhamos os nossos dias, o que nos preocupa.
Não me confio.
Tiro as luvas, queimo as folhas, a tinta, as penas.
O meu grande caderno só por mim é lido.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

I Wish

Desejo estar no palco
É no palco que desejo estar
Desejo estar no palco como desejo voar
Desejo o palco como desejo cantar
Desejo estar no palco, desejo sonhar
Desejo estar no palco como amar
Como desejo acordar ao lado de quem amo.
No palco, desejo ser feliz, sendo actor ou actriz.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Entro na banheira, solto o cabelo, tiro-lhe os nós, lavo-o, espremo-os.
Na banheira, nu a água escore-me pela cabeça, desejo-te, mais que o novo dia que acorda.
Perco o sono.
Faz mais de quarenta e oito horas que sabes de um dos meus problemas, faz mais de vinte e quatro que estou acordado, agora espero por ti, espero para falar contigo, dessas vinte e quatro seis foram tuas, perguntas, risos, só palavras.
Lavo-me, a todo o instante penso em ti, na possibilidade de estarmos juntos, relembro a tua respiração e a voz doce, desejo-te.
Quero que fiques a falar comigo, tanto tempo como com a morte quero falar, por razões óbvias, quero-te ao meu lado e sentir-te.
Sinto-te! Abraçada a mim continuas o meu trabalho, limpas-me, tornas claro o dia, deitas-me sobre a cama.
Com o cabelo já seco brincas com ele como se fosse uma mola, sorris, dás-me a tua felicidade que te devolvo.
Certos dias acordo, folhas escritas com textos meus rodam á volta da minha cabeça.
É ai que tu chegas, as folhas caem sobre a mesa.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A morte sentida ao segundo

Quero acreditar e  gosto de acreditar que nada é por acaso.
Sinto-me a morrer sinto que devia de tentar viver ao máximo, ver o que quero ver, fazer o que quero fazer e amar, todos os que sao meus.
feicho os olhos, quando os abro vejo a minha pele a envelhecer.
Tento encontar a perfeiçao todos os dias.
Sei que durmo demais mas talvez seja porque inconscientemente queira morrer deitado, nu, com o melhor dos sonhos que nao realizei no pensamento.
Escrevo a carvao, porque a cada minuto há uma possibilidade de mudar tudo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Eu e ela

Levanto-me depois do acto.
Quanto mais o faço melhor me sabe, melhor me compreendo. Por incrível que pareça a cama está intacta, os lençóis entalados a almofada no sítio é claro transpirado mas não muito.
Abraço-a, perfumada, suave, macia!
O suficiente para me levar a querer faze-lo de novo.
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Acordo, outra louca noite na sua companhia a almofada no chão os lençóis desentalados com os pés para a cabeça e a cabeça para os pés, muito transpirado.
Sinto uma enorme vontade de escrever e escrevo sobre o  que um homem faz enquanto dorme.

A perfeição

Arrasto uma folha sobre a mesa e com ela a ideia de desenhar a perfeição.
Perco-me a vaguear pelo pensamento em busca de pormenores, sou levado a outros mundos vejo-me a falar sobre o tempo, por fim, depois de correr por tantos caminhos, temas, palavras chego a conclusão de que Ela é a perfeição, o feminino, capaz de gerar vida, capaz de enfeitiçar, belo demais para ser possuído por alguém.
É raro o dia que não o deseje, a sua companhia, a sua fala, a sua simples presença.
Lentamente o lápis vai deslizando sobre a folha, pouco a pouco um corpo nu nasce, belo, imagino a sua voz, o seu cheiro, o seu sorriso, dentes pérola perfeitamente direitos não de uma forma artificial, os olhos de mais pura cor que a natureza tem.
Imagino-a num banco de jardim, um vestido branco tal como os animais que na sua companhia se encontram, olha para mim, as pombas e rolas voam, os coelhos e raposas saltam tal como todos os outros se evaporam por entre as flores.
Pede-me a mão, segura-ma, sorri.
A sua pele nem as rosas nem as melhoras cedas se podem comparar, a sua respiração tão leve e serena, beija-me a face, nesse instante tudo desaparece excepto o banco e Ela.
Acordo arrasto uma folha sobre a mesa com a ideia de explicar que a perfeição não existe só num ser.