As palavras faltam-me, levanto os braços, peço ajuda.
Há dias em que acordo sem a mínima vontade de viver, como se nesse dia o sol não tivesse nascido, como se cada palavra que digo me furasse as mãos, impedindo-me de escrever aquilo que a boca devia ter dito.
Sinto-as mas não existem, as lágrimas não me caem mas a dor que as provocaria está comigo, abraça-me e arrasta-me.
Já á algum tempo que via nuvens no céu, mas daí a ficar molhado, daí a perder folhas escritas pelo vento. O meu mundo é uma moeda de dois lados, mas ao que parece um dos lados está viciado, quem não comete erros? Quem não diz o que não devia de dizer? Quem é capaz de errar vezes sem conta no mesmo sitio?
Para pedir e receber desculpas tem de haver alguém com culpa de algo certo?
Tem de haver alguém disposto a perdoar e a avançar.
“Pai perdoa-os que eles não sabem o que fazem”
-Pai, perdoa-me por não saber o que faço, perdoa-me por magoar tudo e todos á minha volta, por ser aquilo que odeio.
Os braços caem-me, a pena voa, deixo de escrever.