Volta a nudez à minha cama como as ondas a areia seca da costa.
Estou deitado, nu para variar um pouco, não sinto frio, tenho a janela aberta e os pardais cantam lá fora acompanhados pelos agudos dos melros, volta a nudez ao quarto inabitado por uns meses, volta a alegria e o frenesim ao ar seco que se fora pela janela, entra o sol, sai o pó, entra ela e eu venho-me, embora, queira ficar.
Volta a vida e a paixão ao corpo, como voltou ao antigo quarto. Volto à minha antiga cama, nu deito-me, olho para o tecto e vejo nuvens de uma antiga infância cheia de cores e sonhos, lembro-me, da paixão por aviões, por robots, animais, tais paixões ainda perduram embora dispersas a vista da sociedade.
Volta a nudez à minha alma, um dia depois do dia dos namorados.

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