quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Entro na banheira, solto o cabelo, tiro-lhe os nós, lavo-o, espremo-os.
Na banheira, nu a água escore-me pela cabeça, desejo-te, mais que o novo dia que acorda.
Perco o sono.
Faz mais de quarenta e oito horas que sabes de um dos meus problemas, faz mais de vinte e quatro que estou acordado, agora espero por ti, espero para falar contigo, dessas vinte e quatro seis foram tuas, perguntas, risos, só palavras.
Lavo-me, a todo o instante penso em ti, na possibilidade de estarmos juntos, relembro a tua respiração e a voz doce, desejo-te.
Quero que fiques a falar comigo, tanto tempo como com a morte quero falar, por razões óbvias, quero-te ao meu lado e sentir-te.
Sinto-te! Abraçada a mim continuas o meu trabalho, limpas-me, tornas claro o dia, deitas-me sobre a cama.
Com o cabelo já seco brincas com ele como se fosse uma mola, sorris, dás-me a tua felicidade que te devolvo.
Certos dias acordo, folhas escritas com textos meus rodam á volta da minha cabeça.
É ai que tu chegas, as folhas caem sobre a mesa.

3 comentários:

  1. Ás vezes tenho uma certa dificuldade em perceber se quem está a narrar é o "autor" ou o "eu poético".
    Mas de qualquer forma, mais um texto teu, singelo e bonito. Gosto da conclusão: o cair das folhas que não só assinala a mudança do ambiente , pela entrada da 'musa', como por outro lado representa a estabilidade que ela representa para ti. Não sei, foi assim que eu intrepertei. Como se enquanto ela está ausente tudo é vago e utópico e, quando ela regressa... tudo isso desaparece para dar lugar à realidade ansiada.
    Diz-me tu.

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  2. Ó marisa... é o autor a falar ;)

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